segunda-feira, 31 de maio de 2010

pirando na cegueira



maldita seja a ignorância porca, das mulheres fodidas que não sabem amar.

entopem as tripas de posse, de apego e ingratidão, depois se sentem vazias, mas ainda transbordam e cagam fedido, a grande merda que sabem que são.

jogam na cara, palavras que arrancavam do pau do infeliz que lhe jurava amor, logo ao primeiro sinal de abandono, que nunca, mas nunca é em vão.

se esvaem em arrogância e frieza, petulância e imbelezas, juram tanto mal em nome do amor e com tanta indelicadeza, que findam por secar o tosco coração e a desalmada boceta.

malditas sejam as porcas mal amadas, que tem medo dos próprios olhos no espelho, por saber do mal que sabem fazer, a quem ainda resta trapos do que foi um coração.

fodidas sejam essas mulheres por porcos, pela escória, nas margens da estrada estragada de suas vidas , enquanto atos falhos elas ainda consumam, se apegando ao passado, insistentes e insanas, arrastando correntes e assim se acorrentando, ao mal que lhes cabe fazer e pro qual não existe perdão.

com palavras chulas, julgam poemas sujos.

com a boca suja, dormem o sono inquieto, que merecem os injustos.

e ainda possuídas, amanhecem cegas. envenenadas desenganadas, pela própria maldição.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

touro alien pirando na lua


Se essa Lua, se essa Lua fosse minha, eu me mandava pra lá. Escolheria uma doida linda louca psicótica neurótica mulher-menina-moça e levava comigo, pra passar uma temporada na Lua cheia cheinha. São jorge e o Dragão iriam tirar férias por sete dias. Só eu e ela, e mais ninguém. Imagina só a festa.
Sonhar não custa nada, como dizia o sambista, e eu não pago nem cobro. Sonhos à vista. Sou apenas um poeta latino americano sem dinheiro no banco...
Esses dias em que a Lua enche o Touro aqui fica estranho. Eu acho que já vi esse filme, ah claro, uma vez por mês a coisa fica assim. Porque parece que as paredes foram feitas para eu subir? Tou eu aqui, touro, pirando na inspiração, na ralação, na relação. E hoje o amor pra mim é conversa mole pra touro dormir, e o touro nem dorme, nem toma rivotril e vai pra puta que o pariu. Puta que me pariu... E não para por aí. Amar, depois de tudo que vivi nos últimos anos, é tirar suco de pedra. É Arte do desencontro, desencanto, do nem tanto... É acabar dando o braço quando só querem sua mão. É dar só a mão quando querem o seu braço. É levar muita porrada na cara e no peito. E se apaixonar ainda. Ainda que tardia... Quem sabe à tardinha...
O touro precisa dormir. Quem sabe hoje a TV não me ofereça descanso...Vou ligar a Tv e deixar de viver. por enquanto.

(contribuição de louis alien)
http://www.odiadpois.blogspot.com/

pau duro pirando no grelo encarnado


O pau duro contemplando o grelo encarnado

é um relâmpago devastador

(A porta se abre com a fúria do sopro sinfônico).

Os casais adoecem de tanto brigar, inglória atitude,

impotência, morbidez injusta, cegueira, falta de tesão, pica inútil,

xereca vazia, caralho que nunca vê o sol,

buceta arreganhada para nada.

Minha poesia adora ver a porra incandescente transbordar

o canal da vagina, o útero, o ventre, a boca, o anus

e escorrer sem parar pelas coxas gargantas

até o sul da criança rubi.

Foder até a foda se tornar um livro de histórias

Foder até o fim das guerras idiotas

O pau duro contemplando o grelo encarnado

é um relâmpago devastador.

Pablo Picaso dorme nu sobre a sombra das tintas

de suas mulheres toreadas

A lança que não fura o boi atravessa as bolhas

que se formam nas camadas tênues

da geométrica vontade.

Rei e Rainhas brincando de brincardiante da porta do templo da gestação.

A porta se abre com a fúria do sopro sinfônico.

A porta se abre para espalhar o pigmentodo fascínio ensurdecedor



EDU PLANCHÊZ

pirando no bolso do fígado



Ela ( sou eu)

Ela fechou as janelas na minha cara...

por conta de meus inventos,

por conta do que digo em meus pobres poemas.

abri o céu (doravante minha janela)

Corri por terrenos que nunca foram meus,

por luas cor de mercúrio.

Hoje minhas pernas sentem o esforço

que foi subir naquelas pedras.

Volto para minha cabana,

para minha esteira,

para os chinelos que foram de meu pai

Ela ( sou eu),

não preciso virar esquinas,

nem de forquilhas dalinianas

para me manterem de pé

Considero tudo e todos,

mas a resposta mesmo,
guardo comigo, no bolso do fígado,

na camuflagem do meu eu sapo.



(edu planchêz)

pirando no gozo - por flá perez



Foder não é só gozar. Lógico que é bom, é maravilhoso, mas é algo que conseguimos até sozinhos, se quisermos. Foder, na real, é a impressão digital dele na pele, beijo em todo lugar possível, tira-gosto, põe-gosto, mão no pau, pau na boca, mão na mão, dar a impressão que nem se sabe mais quem é quem, é olhar cada pedaço do seu corpo, é tremer quando ouve um gemido, é cheiro...
Se uma vez ou outra não acontecer o gozo, tudo bem: não é competição!
Pois fiquei um dia assustada com uma pesquisa mostrando que a maioria, a grande e esmagadora maioria das mulheres não gozam, ou tem dificuldades pra chegar ao orgasmo.
Ah! mas vá conversar com uma “esposa-noiva-namorada” ou um maridão sobre o assunto: todas gozam, e sempre! Os dados não batem! Todas são azeitadas máquinas de satisfação, pra mostrar ao “seu” homem que são perfeitas. Todas proclamam ser o ideal procurado pelo amado.
Marketing! Puro marketing! Quando alguma mulher faz esse tipo de propaganda, desconfio: pra que isso? Para enganar os desavisados.
So, lá vai: vocês sabem, garotas, que dá pra fingir. Dá pra fingir muito bem gozo, e não só na viradinha de olho, gritinhos, yeah!, yeah! e gemidos. Algumas até usam pompoarismo e conseguiriam enganar agentes do FBI e CIA, se precisassem!

Guys, saibam da terrível verdade:
1) se a mulher geme, estremece, grita, mas as paredes da vagina não se contraem fortemente, ela não gozou. 2) se a mulher geme, estremece, grita, e há contração vaginal, ainda assim desconfie: ela pode ser praticante de pompoarismo (um dia será esporte Olímpico).

Ou seja, boys, do modo que está sendo feito vocês nunca vão saber, pois quanto mais sua femeazinha quiser agradar, mais ela mentirá. Nem o fato dela dormir logo em seguida sem querer conversar é uma prova: pode estar exausta do trabalho e com sono, o que vai tornar o falso orgasmo mais necessário ainda. O fato dela querer ficar agarradinha e querer outra logo depois é indício forte de insatisfação.

Mas e daí? O que é que tem de mais não gozar? Não gozar no final anula todo o ato anterior? Vamos num jantar encher a pança apenas ou saborear os pratos um a um? Na próxima vez a pobrezinha pode estar mais relaxada e sem preocupação de ficar/ser sexy. A obrigação da sexy machine é barra pesada para as inseguras: fazem caras e bocas e esquecem de sentir. Algumas sacrificam o sentir para serem mais teatrais no gozo.

Desconfio também dos homens que dizem às suas candidatas-a-possível-sexo :

— Ah! Mas você precisa de um homem como eu pra te fazer gozar!

Blá, blá, blá. Você, mulher (pareço um anúncio de convocação) goza com quem quiser gozar quando conhecer e aprender sobre seu corpo, onde são os “botõezinhos” de gozo e prazer.

Homens são pouco confiáveis nesse quesito, não por mentirem, mas porque podem estar sendo enganados também, tadinhos!
Como enganados? Explico.
Uma ENORME parcela das mulheres (quase 90% da população feminina, se não me engano) tem orgasmo clitoriano, e não vaginal. Ou seja, a simples penetração não é suficiente: o pau, ao entrar, precisa tocar também o clitóris. As clitorianas (populoso, esse planeta de onde elas vem) tem orgasmo durante a penetração porque o homem, por querer ou sem querer toca o local. Há, então, que se fazer algo mais nessa hora para a maioria delas. Pode ser dedo, dedos, pressão nos grandes ou pequenos lábios durante a transa, ou pedir ao homem alguma posição especial que faça o pau tocar o dito grelinho no vai e vem.

Língua, beijo, sacanagem, preliminares...facilitar o troco é sempre bom: então conte as moedinhas e notinhas com calma, uma a uma, molhe os dedos e... saí um pouco do assunto.

Então, qual o problema? Por que mulheres de orgasmo clitoriano não gozam então pelo mundo afora? Por que são tão poucas se são a maioria? Por que não falam que são assim, não contam aos seus maridos e suas amigas?
Porque tem vergonha e medo de serem consideradas erradas e aleijadas, medo de serem menos que as outras. Ora bolas, quem é vaginal na realidade? Uma minoria ínfima! Cadê a Invasão das Clitorianas vindas do Planeta Clitóris?
A mulherada grita aos ventos que goza apenas com o pau. Pode até ser, pode, mas o clitóris, nosso amigão, tá lá, intumescido e sendo massageado e se não fosse ele não dava pra chegar ao fim!
Onde estão as Clitorianas do planeta super populoso? Escondidas na mentira-ode ao Grande Pau que Tudo Consegue.

Lembrei agora da música dos anos 80: frigida, Betty frígida! É, mas o Rony era rústico...

Virão me contestar:

a) — Báh! As mulheres comigo sempre gozam!
Já disse: dá para fingir a contração. Mente mais a mulher que gosta mais.

b) — Se ela não goza comigo, tem algo errado com ela.
Enganado, o pobre, ou mentiroso : não acredite.

c) — A culpa é dela; não me avisou e não pediu ”tratamento especial”.
Caramba! Tratamento especial para uma maioria? Eles tem que fazer antes de pedirmos; as probabilidades são maiores de estarem errando se não fizerem!
A mocinha envergonhada peca por não falar nada, e vai ficar a ver o navio deixar o cais antes da champanhe bater no casco (que chulo), afinal ele pode ter sido enganado durante anos por uma sex machine que goza dramaticamente dois segundos após a penetração.

Alguns macho-cados pedem honestidade, mas preferem mesmo a mulher falsa, a marketeira da propaganda enganosa, a deusa do sexo. Essa goza bela e melodiosamente. Como consegue jogar o cabelo pra trás como num vídeo clipe e fazer tanto estardalhaço bem na hora que o gozo tira todos os outros sentidos do corpo, eu não sei, mas conseguem. O orgasmo é animal... Fugi do assunto novamente.

Não existem homens bons de cama, existem mulheres seguras de si para orientá-los. É uma corrente. Sabe a corrente do bem? Pois é. Se você orientar bem o cara, ele não vai enganado estragar a cabeça de uma coitada depois. Será um gajo que sabe onde ir e o que fazer. A gente tem que ajudar uma à outra. Os homens se ajudam...Mulher segura não finge, busca o gozo.
Mas, não queira apenas(?), o fim da viagem. Queira a estrada toda e a paixão de cada buraco e cada solavanco...cada poça.
Ao fodões que já sabem tudo isso, peço perdão pelo que possa ter parecido uma generalização, mas há alguns que ainda precisam entender. Falar sobre isso é um serviço de utilidade pública e algumas mulheres ainda irão me agradecer um dia.
Se eu sobreviver a todas as pedras que virão agora no meu email.
.
contribuição da escritora e poeta flá perez

terça-feira, 25 de maio de 2010

pirando em tarja preta e anjos


vinho francês com rivotril... não. não é uma tentativa de suicídio. já fiz misturas mais esdrúxulas, como convidar o namorado e o peguete pra mesma festa minha. e não morri. e hoje quero tudo, menos morrer. me sinto o eyjafjallajökull. vulcânica. preciso ser e me preparar pra daqui a menos de dois dias, onde na sala de um cinema pornô abandonado, serei o foco da lente, da luz que me queima velas que pingam e cordas que amarram. me soltem. me deixem solta. penso arte. e se quiserem me julgar, caguei. só não contem pra minha mãe... (gargalhadas internas)!!
perdi a porra do isqueiro e já queimei meus cílios no fogão. tô num puta vai e vem, entre quarto e cozinha. a distância nem é longa, mas me mostra: tá fumando pra caralho, mulher!!
seria simples, descer no posto da esquina e comprar um isqueiro novo, mas tem uma ratazana noturna e com insônia e sem acesso ao rivotril, que passeia na calçada toda vez que passo. um dia, meio bêbada, achei q era um gato, mas quando fui assustar o gato, ela se arrepiou e vi dois dentinhos roedores sinistros. descer de madrugada, somente pra comprar o. b. ou cigarros. na verdade, o o.b. espera pela manhã do dia seguinte.... sei fabricar modess caseiros, com mais ou menos cinco enroladas de papel higiênico na mão e no meio, um chumaço de algodão. e penso: por que nossas vovós usavam toalhinha?
ainda bem que nasci em 1972, e quando menstruei a primeira vez e achei que tinha feito cocô na calça, minha mãe me deu um modess tão gigante, que eu andava que nem um cowboy da propaganda de marlboro.
sangro, literalmente e poeticamente sangro... e não se sangra mais por ser poeta, sangra-se mais, pelo medo da porta aberta.
gosto dos homens que gostam das minhas regras, e que adoram pessoas como eu, sem regras.
Não tenho hora pra comer, pra dormir, pra nada... e isso não me faz mal nenhum. nem a ninguém.
só me liguem antes do meio dia, se for pra me contratar pra uma performance poética, ou pra me chamar pra sexo (mas só o cara certo) ... mas ninguém me liga nesses horários pra isso. é sempre engano ou telemarqueteiros robóticos e filhos da puta.
Peraí, vou lá na cozinha acender outro cigarro.
(...)
Voltei.
Hoje me disseram que tô fumando demais e bebemos demais antes dos shows. tá. beleza... não discordo.
mas sempre voltamos inteiros pra casa. apenas falo loucuras demais quando bebo, confesso coisas inconfessáveis, mas parei com a mania de ligar pros caras bêbada, afinal, os que fico afim de ligar, ou podem estar com a namorada, ou podem simplesmente, me acharem pé no saco. nisso, aprendi a me preservar. pelo menos nisso... ufa!
poderia entrar agora, num sitezinho pornô, mas até pra isso tô sem saco. prefiro ficar aqui pirando no meu sangue, no homem que me come quando quer e no que tá cheio de problemas, por que não sabe ainda o que fazer com a liberdade. depois mulher é que complica as coisas.
quero as coisa simples. meu vinho francês, que descobri na cobal de botafogo a um preço pagável, pra uma artista que rala quase sempre por amor, meu rivotril que me faz dormir mais cedo e pela manhã quando acordo, me faz sentir uma pessoa normal, que vai na feira, anda na lagoa, agiliza a vida na internet... que percebe o brilho do sol da manhã (oh, que lindo!). é. sou tão normal. apenas faço e falo o que quero e mais uma vez, não machuco ninguém, ao menos que me peçam. rá!
caô esse papo de amor tranquilo. estabilidade emocional, é ele na rua botando pra foder e ela fingindo que não sabe. ou vice versa. amores amigos antigos com versos, conheço poucos e estes poucos tenho um respeito do caralho. meus aplausos, a quem sabe amar.
bateu o rivotril com vinho. vou ter sonhos lúdicos e líricos, com anjos lindos peladões, tocando guitarra e me chamando: vem!
fui!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

pirando na pica





à irmana She




pira na minha que eu piro na tua. amor de pica, bate e fica. aperto a pica da palavra entre as mãos e pernas e vãos, perco a linha, perco o chão. tudo como uma boa foda! poesia é pauzão. é tesão. é lindo, liso e teso. delícia aliciar teu pau.


e quando desperto, lá está tua pica bonita por perto e pulsante, e nem lembro no que pensava antes... devoro logo ummmmmmmma página e meia de teu silêncio e esfrego minhas tetas em teu peito gigante. daí pra adiante são pelos poros e vontade.


daqui a pouco é descanso e abraço, sossego e sargaço. pele como cola, gruda que faz falta, e logo é novamente: você não sai da minha cabeça, nem da minha buça.


clauky boom#

pirando no Pau.



existem paus que são deuses.
e dançam, enquanto erguem-se.
não. não vou elogiar paus.
vou elogiar o Pau.
*
que Pau lindo!
Pau que já me espera imponente.
nota dez em comissão de frente.
um Pau que atenta até que eu peça:
- agora eu quero seu Pau!
e o dono do Pau, sorri, exibindo o deus corado que não pende entre as pernas.
e me sorri, por que sabe que é bom de Pau.
eu piro nesse Pau.
*
não é pinto, não é pica, é Pau e o caralho a quatro.
de quatro, é Pau que finca e que fica.
Pau que liga: vem.
Pau que manda: vai.
Pau brinquedo que vibra.
Pau veneno víbora.
e vejo um homem todo Pau.
dedos Pau, língua Pau.
e uma coisa necessariamente importante...
o dono dele, é um delicioso cara de pau.

sábado, 15 de maio de 2010

pirando na minha



Quebrei um prato de ira. A comida está espalhada pelo chão da cozinha. Ainda sinto raiva. Toda noite no meu quarto, ela, que aqui chamo de consciência, está sentada na minha cama com a mesma lenga lenga que já sei de cor e não venço. Viver de arte é montanha russa. Semana passada passei a sushi e ostras com um lindo e rubro vinho chileno. Essa semana divido um miojo: metade pro almoço e metade pro jantar. Junte uma lata de milho verde que rende mais e faça lindos cocôs artisticamente decorados. Sim, se afirmo que tudo que sai de mim é arte, é claro que meu cocô não seria diferente. Nem as lágrimas, nem esse aperto no peito. Odeio ser inspirada pela angústia. Me desfaço de autopiedades.
Meu nariz dói, minha costas doem. Eu quero ir embora, mas não posso deixar o que conquistei pra trás. Tomo calmantes que não me fazem pensar melhor. Estou sedada, vida em slow motion. Dois maços de cigarros para serem tragados até o fim do dia. Não. Não quero que esvaziem meu cinzeiro. Hoje acordei cinza num dia insuportavelmente azul. Convites surgem. Me aplaudem, me bajulam e me esquecem. Bebo o que colocarem na minha frente. Água é ardente, principalmente a benta. Há um trem dentro da minha barriga, que rosna na estação duodeno e sua fumaça arde. Azia de amor ausente. Aprendo sobre o amor à distância, onde nada se vê e tudo se sente . Nada do que tenho parece ser meu. Eu não sou eu. Me despertenço. Inventei a mulher que sou. Hoje minha boca é amarga. Alguém chora, talvez no andar de baixo. Eu grito, bato portas e me mando tomar no cu. Reclamo com o espelho embaçado. Não entrem fantasmas no meu quarto, não sem bater. Hoje eu não saio da jaula. Hoje sou uma mulher de alta periculosidade pra eu mesma. Não me consolem. Não quero força externa. Finjo ser gripe o que me corrói narinas. Pó vagabundo de dois dias atrás. De repente quem me agredia, me chega pedindo perdão. Não tenho nobreza a esse ponto. O tempo cura. Não quero a cura que alivia a culpa. Quero dignidade e respeito. Odeio dramas e queixos trêmulos. Odeio fugas, pois já fugi e o passado me encontra num bar de esquina, com pó, cigarros e camisinhas. Quis o agredir. Beijei uma mulher num antro de mauricinhos. Contei bizarrices a um taxista. Fiz sexo por vingança. Ele me fudeu. Agora eu o fodo. Sem sentimento algum, apenas para ouvir que eu faço falta. Eu faço gol em pênalti. Faça a feira de quarta feira e deixe que apodreçam, as comidas na geladeira. O cheiro podre, me lembra a noite passada. Perco a fome, emagreço, tomo mais calmantes. Uma mulher me beijou num banheiro imundo do centro da cidade. Beijo com cheiro de mijo. Depois, ela me chamou de gostosa e foi encontrar o marido. Me usam, me usem e só me amem, se eu for quem vocês não precisam, mas realmente querem. Não me sufoquem, não me mandem e-mails ciumentos e sem sentido. Sou eu mesma que não sei quem sou, por que quero e de saudade, molho travesseiros de história recentes. A dor maior pode ser a do câncer, mas já sentiram a dor da terra jogada em cima de seu pai? se não, recomendo nessa hora, que virem o rosto e saiam de perto, para não ser obrigado a imaginar os líquidos se derramando, o corpo inchando, os cabelos crescendo num corpo imóvel, entre baratas e vermes que não se transformarão em borboletas. procure manter a fisionomia serena, acredite de que é apenas o ciclo da vida. Quando chegar em casa e esvaziar armários, para doar as roupas para um asilo de velhinhos fofos, aí sim, morra de dor. Sinta a dor do câncer que corroeu, que não te pertence, mas te corrói, se induza ao coma com calmantes, vire um zumbi de olheiras e boca seca, assim como eu fiz e acorde dois meses depois com anorexia. pare de menstruar, caiba num manequim 36 e jogue o que é velho no lixo das desmemórias. E sobreviva.
Mantenha uma foto do tempo e que se acreditava ser feliz. Obseve como seu sorriso era diferente e seus olhos mansos. Não usem filto solar, troquem de pele, mas saibam, que isso não muda em nada o passar do tempo. Tomo mais calmantes. Dedos lentos sobre as teclas, pensamentos ágeis em descompasso com o corpo vagaroso. Se masturbe e depois sinta um vazio grande de alívio e falta de abraço. Realize a fantasia de quem é igual a você, mas não ultrapasse seus limites. Não existem limites. Acendo o quarto cigarro em vinte minutos. Gosto de pau e de brinquedinhos vivos, tamagochis que vão embora quando eu quero. Também uso. Perfumes, algumas drogas e pessoas sem importância. Pessoas que me são importante deixo que me impregnem. As sinto.
Odeio rimar poesias e não tenho saco pra Cecília Meirelles. Já li quase tudo sobre Vinícius, amava, há dez anos atras daria praquele velhinho e esvaziaríamos uma garrafa de whisky e dormiríamos debaixo do piano. Mas hoje acho ele um chato. Um morto chato. Viajo atrás de sonhos. As estradas me seduzem. No destino sou a mesma, mas bem mais segura. Tenho medo de ser excessivamente romantica, tento disfarçar. Deliro e amo o homem mais louco que conheci nos útimos tempos. Ele me diz Te amo. Acredito. E acredito que ele também use as pessoas, em nome do amor que merece. Daria esse amor. Dou. Doo sem cicrcunflexos, doo minhas cincunferências. Exponho meus côncavos e deixo que penetre meus convexos. Às vezes sou coerente, mas nem sempre. Vou deixar que vermes lambam a comida espalhada no chão da cozinha. Bocejo meu tédio de sábado. Ontem acreditei que tudo seria diferente, mas acordei cinza e com olhos vermelhos. Procuro um quarto em São Paulo. Cansei da loucura pode crê carioca. Essa semana fui reconhecida num bar que nunca vou e outro dia atravessando a rua: Você não é ellla e o monstro?" Não. sou uma delllas de elllas e os monstros. Síndrome de antipatia de Paula Toller. Pensava em como pagar 1570 reais de contas, se na minha conta só tinha 1137 reais. Vendi meu IPod. Misturo meus sotaques. Hoje, acordei sucata. Malditos calmantes que me fazem bem. Engulo outro. Quero o sono perdido e sal pra presão baixa. Molho os pulsos com água gelada. Mãos frias, coração em migalhas. Por tudo e por nada. E um sono artificial, que será embalado por um filme de guerra no dvd. Talvez adormeça em meio à guerra. Minha guerra com meus monstros. Venci todas as possibilidades de ciúmes, quero o amor livre que no fundo não aceitam. Apenas fingem. Tenho um certo nojo da promiscuidade, mas não me acreditam. Quero a realidade fantasia e quero ir embora dessa jaula cercada de macacos tarados. Só queria ter acordado vermelha com olhos de amor. Sim, acordei com os olhos de amor, mas não era meu, é meu amor, que busca tanto quanto eu... Mas daí, eu quebrei um prato e a comida vai ser lambida por vermes, até que o meu medo apodreça. Mãos frias, me renderei ao sono artificial. Hoje acordei um bicho estranho em extinção, um animal acuado e irracional. Que tem medo. Que ama. Que não sabe se desabafa ou reclama.
Malditas rimas!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

pirando em mortos



um restaurante bem fuleiro. típico de copacabana e suas misturas zoológicas.
uma puta velha no balcão, barriguda de cerveja e roupa justa, batom vermelho e toda pinta de quem tem mau hálito. ao lado dela, um típico senhor copacabanense, camisa aberta, bermuda de tergal bege que um dia foi uma calça, medalhão de são jorge no peito, com um prato de miúdos de frango e uma cerveja bem gelada na sua frente. uma dupla, que tinha movimento grandes e risadas altas. pareciam felizes.
eu, na mesa próxima a porta, devorava cigarros mentolados e mais cigarros desmentolados e enrolava uma caipirinha de cachaça, enquanto esperava uma amiga, sempre atrasada pra tudo.
um velho de gel, nos poucos fios de cabelo grudados na careca, me observava tentando contato visual. em vão.
no vão entre a pilastra e o balcão, um jovem tatuadíssimo, amassava uma garota bronzeada sobre o olhar atento de uma mulher, apática na mesa com o marido sem expresão.
me prendi nesse casal sem voz.
a mesa cheia de comida, arroz, feijão, frango a passarinho, salada, uma garrafa litro de refrigerante.
ela olhava o casal sarado, ele tinha o olhar vago, enquanto mastigava, mastigava, mastigava...
observei durante cerca de meia hora, até o momento em que o garçom se aproximou, trazendo a conta, sendo desprezado pelos dois.
ela ainda olhava e ainda, pra moça bronzeada de short curto, olhava pra bunda, um olhar de inveja e de lembrança, de quando sua bunda cabia em short tamanho 38, sem que as celulites fizessem na perna, o tal efeito casca de laranja e a barra do short apertado, não fizesse de sua coxa, um grande provolone amarrado.
ele olhava a televisão, palitando os dentes, mas não prestava atenção na propaganda das casas bahia. talvez só olhasse, para não ter que olhar pra mulher sem assunto, que se tornou sua companheira de altos papos e trocas, como eram há 25 anos atrás.
talvez tivessem filhos, que talvez morassem longe e só os vissem em festas cristãs nacionais.
talvez o peso nos olhos dela, fosse a tristeza de nunca ter tido os filhos, que sonhou ao se casar.
as prestações do apartamento financiado em 30 anos, o tempo passando, os hormônios em decadência, a secura vaginal, a falta de tesão naquele homem que andava de cuecas furadas depois do trabalho e que peidava na sala, e ainda, coçava calos enquanto assistia ao jornal nacional e se retirava, bem na hora em que ela se sentava na poltrona azul e furada, coberta com mantas de crochê, pra esconder o tempo do móvel e pra assistir solitária, uma novela chorosa e bem intencionada do leblon de manoel carlos.
ele tinha cara de que só a comia no escuro e de quatro. numa média de duas vezes por mês. gozava como um porco suado e dormia.
às vezes, ele inventava viagens como representante comercial de sacolas e embalagens de papel reciclado, que no início dos anos 90, eram a promessa de enriquecimento ecologicamente correto. Nessas viagens, tirava a aliança e ia pra boates de strip. sempre sozinho e nunca contou isso na firma, na hora do café com bolacha das quinze horas.
saía com seu perfume de festa e com andar e olhar de um lobo garanhão comedor conquistador. e sempre pagava pelo sexo.
e ali estavam, em copacabana em decadência.
Mudos, invisíveis um ao outro.
Mastigavam mágoas engorduradas, que lhe deixavam a boca e a pele oleosas e uma emoção seca, nos poucos olhares também secos, que em alguns dias trocavam, mas apenas quando era inevitável.

Pela primeira vez, pirei em mortos que jantam.