sábado, 15 de maio de 2010

pirando na minha



Quebrei um prato de ira. A comida está espalhada pelo chão da cozinha. Ainda sinto raiva. Toda noite no meu quarto, ela, que aqui chamo de consciência, está sentada na minha cama com a mesma lenga lenga que já sei de cor e não venço. Viver de arte é montanha russa. Semana passada passei a sushi e ostras com um lindo e rubro vinho chileno. Essa semana divido um miojo: metade pro almoço e metade pro jantar. Junte uma lata de milho verde que rende mais e faça lindos cocôs artisticamente decorados. Sim, se afirmo que tudo que sai de mim é arte, é claro que meu cocô não seria diferente. Nem as lágrimas, nem esse aperto no peito. Odeio ser inspirada pela angústia. Me desfaço de autopiedades.
Meu nariz dói, minha costas doem. Eu quero ir embora, mas não posso deixar o que conquistei pra trás. Tomo calmantes que não me fazem pensar melhor. Estou sedada, vida em slow motion. Dois maços de cigarros para serem tragados até o fim do dia. Não. Não quero que esvaziem meu cinzeiro. Hoje acordei cinza num dia insuportavelmente azul. Convites surgem. Me aplaudem, me bajulam e me esquecem. Bebo o que colocarem na minha frente. Água é ardente, principalmente a benta. Há um trem dentro da minha barriga, que rosna na estação duodeno e sua fumaça arde. Azia de amor ausente. Aprendo sobre o amor à distância, onde nada se vê e tudo se sente . Nada do que tenho parece ser meu. Eu não sou eu. Me despertenço. Inventei a mulher que sou. Hoje minha boca é amarga. Alguém chora, talvez no andar de baixo. Eu grito, bato portas e me mando tomar no cu. Reclamo com o espelho embaçado. Não entrem fantasmas no meu quarto, não sem bater. Hoje eu não saio da jaula. Hoje sou uma mulher de alta periculosidade pra eu mesma. Não me consolem. Não quero força externa. Finjo ser gripe o que me corrói narinas. Pó vagabundo de dois dias atrás. De repente quem me agredia, me chega pedindo perdão. Não tenho nobreza a esse ponto. O tempo cura. Não quero a cura que alivia a culpa. Quero dignidade e respeito. Odeio dramas e queixos trêmulos. Odeio fugas, pois já fugi e o passado me encontra num bar de esquina, com pó, cigarros e camisinhas. Quis o agredir. Beijei uma mulher num antro de mauricinhos. Contei bizarrices a um taxista. Fiz sexo por vingança. Ele me fudeu. Agora eu o fodo. Sem sentimento algum, apenas para ouvir que eu faço falta. Eu faço gol em pênalti. Faça a feira de quarta feira e deixe que apodreçam, as comidas na geladeira. O cheiro podre, me lembra a noite passada. Perco a fome, emagreço, tomo mais calmantes. Uma mulher me beijou num banheiro imundo do centro da cidade. Beijo com cheiro de mijo. Depois, ela me chamou de gostosa e foi encontrar o marido. Me usam, me usem e só me amem, se eu for quem vocês não precisam, mas realmente querem. Não me sufoquem, não me mandem e-mails ciumentos e sem sentido. Sou eu mesma que não sei quem sou, por que quero e de saudade, molho travesseiros de história recentes. A dor maior pode ser a do câncer, mas já sentiram a dor da terra jogada em cima de seu pai? se não, recomendo nessa hora, que virem o rosto e saiam de perto, para não ser obrigado a imaginar os líquidos se derramando, o corpo inchando, os cabelos crescendo num corpo imóvel, entre baratas e vermes que não se transformarão em borboletas. procure manter a fisionomia serena, acredite de que é apenas o ciclo da vida. Quando chegar em casa e esvaziar armários, para doar as roupas para um asilo de velhinhos fofos, aí sim, morra de dor. Sinta a dor do câncer que corroeu, que não te pertence, mas te corrói, se induza ao coma com calmantes, vire um zumbi de olheiras e boca seca, assim como eu fiz e acorde dois meses depois com anorexia. pare de menstruar, caiba num manequim 36 e jogue o que é velho no lixo das desmemórias. E sobreviva.
Mantenha uma foto do tempo e que se acreditava ser feliz. Obseve como seu sorriso era diferente e seus olhos mansos. Não usem filto solar, troquem de pele, mas saibam, que isso não muda em nada o passar do tempo. Tomo mais calmantes. Dedos lentos sobre as teclas, pensamentos ágeis em descompasso com o corpo vagaroso. Se masturbe e depois sinta um vazio grande de alívio e falta de abraço. Realize a fantasia de quem é igual a você, mas não ultrapasse seus limites. Não existem limites. Acendo o quarto cigarro em vinte minutos. Gosto de pau e de brinquedinhos vivos, tamagochis que vão embora quando eu quero. Também uso. Perfumes, algumas drogas e pessoas sem importância. Pessoas que me são importante deixo que me impregnem. As sinto.
Odeio rimar poesias e não tenho saco pra Cecília Meirelles. Já li quase tudo sobre Vinícius, amava, há dez anos atras daria praquele velhinho e esvaziaríamos uma garrafa de whisky e dormiríamos debaixo do piano. Mas hoje acho ele um chato. Um morto chato. Viajo atrás de sonhos. As estradas me seduzem. No destino sou a mesma, mas bem mais segura. Tenho medo de ser excessivamente romantica, tento disfarçar. Deliro e amo o homem mais louco que conheci nos útimos tempos. Ele me diz Te amo. Acredito. E acredito que ele também use as pessoas, em nome do amor que merece. Daria esse amor. Dou. Doo sem cicrcunflexos, doo minhas cincunferências. Exponho meus côncavos e deixo que penetre meus convexos. Às vezes sou coerente, mas nem sempre. Vou deixar que vermes lambam a comida espalhada no chão da cozinha. Bocejo meu tédio de sábado. Ontem acreditei que tudo seria diferente, mas acordei cinza e com olhos vermelhos. Procuro um quarto em São Paulo. Cansei da loucura pode crê carioca. Essa semana fui reconhecida num bar que nunca vou e outro dia atravessando a rua: Você não é ellla e o monstro?" Não. sou uma delllas de elllas e os monstros. Síndrome de antipatia de Paula Toller. Pensava em como pagar 1570 reais de contas, se na minha conta só tinha 1137 reais. Vendi meu IPod. Misturo meus sotaques. Hoje, acordei sucata. Malditos calmantes que me fazem bem. Engulo outro. Quero o sono perdido e sal pra presão baixa. Molho os pulsos com água gelada. Mãos frias, coração em migalhas. Por tudo e por nada. E um sono artificial, que será embalado por um filme de guerra no dvd. Talvez adormeça em meio à guerra. Minha guerra com meus monstros. Venci todas as possibilidades de ciúmes, quero o amor livre que no fundo não aceitam. Apenas fingem. Tenho um certo nojo da promiscuidade, mas não me acreditam. Quero a realidade fantasia e quero ir embora dessa jaula cercada de macacos tarados. Só queria ter acordado vermelha com olhos de amor. Sim, acordei com os olhos de amor, mas não era meu, é meu amor, que busca tanto quanto eu... Mas daí, eu quebrei um prato e a comida vai ser lambida por vermes, até que o meu medo apodreça. Mãos frias, me renderei ao sono artificial. Hoje acordei um bicho estranho em extinção, um animal acuado e irracional. Que tem medo. Que ama. Que não sabe se desabafa ou reclama.
Malditas rimas!

3 comentários:

  1. Malditas contas, isso sim!rs

    Ser artista pode ser um tédio, preferia ser dona de banco.duvido.ará.

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  2. Amo os seu textos...é uma pena que eles estão te sugando rápido demais!
    Bjs no coração, Shari Monstra!

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  3. Convide mais monstros para a sua fantasia real. Solte os vermes e bichos e se verá não mais que humana que ama, briga, chora, xinga e reclama. Tudo rima, ainda mais quando parece que não...
    Amo tudo seu!

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